Mariana Ximenes veste Dior (Foto: Daniela Petrel)
Em Cannes, onde apresentou o filme “O grande Circo Místico”, Mariana Ximenes, aos 37 anos, fala sobre a carreira de atriz e os novos rumos da profissão em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres. E, claro, também não deixou de falar como mantem a boa forma.
O que está vendo de novo em Cannes nesta sua passagem? Fica até quando?
Mariana Ximenes: Nossa, o festival é incrível porque você respira cinema o tempo todo, tem sessões de 8h30 até meia-noite. Você pode assistir a filmes clássicos como “Um corpo que cai”, de Hitchcock, ou “Grease” como pode ver o último do Spike Lee. Pode ir nos estandes experimentar cinema de realidade virtual. É uma imersão, você conhece muita gente, troca experiências. Eu fiquei muito feliz por estar no festival este ano em que uma mulher, uma atriz do tamanho da Cate Blanchet, foi a presidente do júri. Das 71 edições, apenas 12 tiveram mulheres nessa posição.
Como foi apresentar “O grande circo místico” em Cannes? um local tão mítico para o cinema?
MX: Foi muito emocionante. Esse foi um daqueles momentos em que você carrega para a vida toda! O primeiro “Tapis rouge” você nunca esquece, ainda mais tão bem acompanhada como eu estava! Cannes é emblemático quando falamos de cinema, grandes obras foram exibidas ali e, mais do que isso, para pessoas que apreciam profundamente a sétima arte. Foi muito especial também porque nosso mestre Cacá Diegues (diretor) foi homenageado pela organização do festival e nosso filme foi muito bem recebido.
Você participou do protesto que contou com 82 mulheres por mais igualdade no festival e por igualdade salarial na indústria. Acredita que isso seja possível mudar?
MX: Esse protesto foi um marco no principal festival de cinema do mundo. É impressionante você pensar que em 71 anos do Festival de Cannes, apenas 82 filmes dirigidos por mulheres chegaram à premiação. Essa movimentação mostra a conscientização de que a mudança é urgente, necessária. Mulheres do mundo inteiro se unindo para reivindicar condições de trabalho iguais já mostra que é preciso refletir sobre isso e agir. Então, é claro que acredito que pode mudar. E tem que mudar mesmo porque não dá para acreditar que uma mulher seja protagonista e ganhe bem menos do que o ator que seja seu colega de cena. O discurso da Francis McDormand no Oscar deste ano, o da Patricia Arquette, quando ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2015, são indícios fortes que as coisas já estão nesse caminho de transformação. O que temos que fazer é continuar lutando, falando sobre essa desigualdade e combatê-la.
Você como mulher se sente prejudicada quando ganha menos que um homem?
MX: Não é uma questão de se sentir prejudicada. A discussão vai além disso. A pergunta é: se eu desempenho um papel tão importante quanto o de um homem em cena, por que também não receber o mesmo valor? Gravamos as mesmas horas, temos a mesma quantidade de trabalho. Não faz sentido que, apenas por ser mulher, eu ganhe menos.
Quais seus próximos planos? Alguma novela em vista?
MX: Além de “O grande circo místico”, que ainda vai estrear no Brasil, gravei a série “Se eu fechar os olhos agora”, que ainda não tem data de estreia. Na história dos anos 50/60, que é inspirada na obra homônima de Edney Silvestre, eu interpreto Adalgisa, mulher forte, espirituosa, à frente do seu tempo, mulher do personagem de Gabriel Braga Nunes, e que vai se envolver num grande mistério ao longo da trama.
O que faz para se manter tão bela?
MX: De uns tempos para cá, dei uma ênfase em meditação, yoga, uma busca por uma conexão maior comigo mesma. Tanto que minha viagem passou por Bali, que tem essa atmosfera, lugar que tem uma força tremenda. Também gosto de cuidar da minha saúde e do meu bem-estar. Amo comer, mas procuro me alimentar com consciência. A chave de tudo na vida é o equilíbrio e tenho buscado isso cada vez mais. Adoro me exercitar… Tento dormir bem também, embora durma menos do que gostaria porque sou muito animada e me envolvo com vários projetos e assuntos ao mesmo tempo (risos).
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